A TERCEIRA GERAÇÃO:
RAFAEL PINTO BANDEIRA um dos filhos de Francisco Pinto Bandeira e Clara Maria de Oliveira, neto materno de Antonio de Souza Fernando, o fundador da Fazenda Sapucaia, nasceu no dia 16 de novembro de 1740, presumivelmente na Fazenda Guaixim – Sapucaia, fundada pelo pai, onde hoje se assenta a cidade de Canoas e parte de Porto Alegre.
Pelo lado paterno, Rafael tinha como avós José Pinto Bandeira e Catarina de Brito. Ele, natural de Valongo, Portugal, e ela filha de Francisco de Brito Peixoto, o fundador de Laguna, local que seria o ponto de partida para a conquista do Continente de São Pedro, o nosso atual Rio Grande do Sul. Rafael cresce como um potro selvagem na companhia de índios e escravos, aprendendo a cavalgar muito cedo.
Aos 14 anos acompanha o pai em suas arreadas em defesa do território riograndense, em peleias contra os castelhanos que avançam sobre a região, que consideram espanhola, em função do Tratado de Tordesilhas. Rafael era uma figura singular, de pernas arqueadas pelo hábito constante da montaria e se dizia meio-homem, meio cavalo, um Centauro dos Pampas, que no seu dizer, não poderia viver sem suas quatro patas. Baixo e atarracado, forte como um touro bravio e astuto como uma águia ele simbolizou um mundo forjado a ferro, fogo e sangue. A vida ao ar livre e o convívio com as inclemências e agruras do tempo, além das constantes lutas para defender o território o tornam um jovem rijo e corajoso e, no dizer de todos os contemporâneos um combatente excepcional, antes dos vinte anos conquista as divisas de Tenente dos Dragões (soldados portugueses).
Perseguidor implacável dos espanhóis, também chamados castelhanos, torna-se uma ameaça constante. Seus gritos de guerra assustam e atemorizam a toda a gente, e seu nome se torna uma lenda que faz estremecer os inimigos. Comparam-no ao vento Minuano, que varre o Rio Grande de ponta a ponta. Nada teme. Uma de suas maiores conquista é a tomada do Forte de Santa Tecla, em Bagé, após 27 dias de sítio. Durante o cerco faltou comida e o chefe da arreada mandou seus homens comerem ervas do campo e os próprios cavalos. A fortaleza tinha grossas paredes na forma de pentágono, feitas de barro e calcário, rodeada por um fosso, cujo acesso era feito por uma ponte levadiça. Era defendido por 200 soldados. Rafael comandava uma tropa de 619 pessoas, que dispunham de três mil cavalos além de carretas. Esse feito lhe trouxe notoriedade que se estendeu até Portugal. Por esse ato foi elevado a patente de coronel e esse foi apenas um de seus feitos. Em 28 de agosto de 1763 Luiz Manuel da Silva Paes comunica ao Governo do Rio de Janeiro que os Castelhanos foram detidos em seu avanço sobre Rio Grande, graças a ação do valente Francisco Pinto Bandeira e seus filhos Rafael, Evaristo, Felisberto e Vasco. Aos 33 anos Rafael se casou em primeiras núpcias com Maria Magdalena, viúva de Santiago da Costa, que faleceu logo depois.
O luto não atrapalhou sua trajetória. Quando alguém queria tratar com o governo da capitania procurava Rafael, o que provocou ressentimento por parte de José Marcelino, o Presidente da Província, que mandou prendê-lo por ter ocultado determinado valor que devia repassar a Coroa Portuguesa. Contudo, em pleno julgamento, de Lisboa chegoua ordem da Rainha, determinando que fosse restituído ao comando de seu regimento, com todas as honras. A ordem determinava “Que saia solto meu Coronel Rafael Pinto Bandeira…”
Em 1784 é nomeado Governador da Capitania do Rio Grande do Sul e comandante das tropas aqui estacionadas. O neto do povoador de Sapucaia governou por três anos. Em 2 de abril de 1788, aos 48 anos casou novamente, desta vez com a jovem Josepha Eulália de Azevedo, natural de Sacramento. Desse casamento são filhas Rafaela e Maria Josepha.
Em 9 de janeiro de 1795, aos 55 anos de idade, o Centauro dos Pampas falece na vila de Rio Grande.
Rafael Pinto Bandeira resume em si uma época de heroísmo e glória, sendo reverenciado por sua bravura e heroísmo.
Eni Allgayer
15/03/2021
